Carris 301 – AEC Regent Mark III


Double-deck bus formerly operated by Carris seen at Praça do Comércio, Lisboa, in September 2007. This double-deck half-cab bus with fleet number 301 is an AEC Regent Mark III ¹ with MCW (Weymann) bodywork ² registered in 1957 and included in a series of 28 units, 287–314, built in England by AEC and placed in service in 1957. It has an overall length of 28.4 ft and can accommodate 65 (28/37) seated passengers. It uses the AEC Regent Mark III chassis with the AEC A217Q (9635 cm³) engine. Retired from public service in 1981, it is converted into a support vehicle and renumbered V14. At the end of the eighties, it is set aside for preservation, being subsequently restored and integrated into the Carris Museum.

Established in 1872 and based in Lisboa, Companhia Carris de Ferro de Lisboa, whose name is usually shortened to Carris, operates regular services, regular specialized services and occasional services. Opened to the public in 1999, the Museu da Companhia Carris de Ferro de Lisboa (or Museu da Carris) preserves a valuable collection of documents, artifacts, workshop and operating equipment, as well as various vehicles, including the Carris 301. Here, we see it on a special occasion, on display at Praça do Comércio.

Autocarro de dois pisos antigamente operado pela Carris visto na Praça do Comércio, Lisboa, em Setembro de 2007. Este autocarro de dois pisos com o número de frota 301 é um AEC Regent Mark III ¹ com carroçaria MCW (Weymann) ² registado em 1957 e incluído numa série de 28 unidades, 287–314, fabricada em Inglaterra pela AEC e colocada em serviço em 1957. Tem um comprimento total de 8,659 m e pode acomodar 65 (28/37) passageiros sentados. Utiliza o chassis AEC Regent Mark III com o motor AEC A217Q (9635 cm³). Retirado do serviço público em 1981, é convertido em veículo de apoio e renumerado V14. No final dos anos oitenta, é resguardado para preservação, sendo subsequentemente restaurado e integrado no Museu da Carris.

Estabelecida em 1872 e baseada em Lisboa, a Companhia Carris de Ferro de Lisboa, cujo nome se abrevia usualmente para Carris, opera serviços regulares, serviços regulares especializados e serviços ocasionais. Aberto ao público em 1999, o Museu da Companhia Carris de Ferro de Lisboa (ou Museu da Carris) preserva uma valiosa colecção de documentos, artefactos, equipamentos oficinais e de exploração, assim como diversos veículos, entre os quais o Carris 301.  

¹  AEC (The Associated Equipment Company, Ltd.), 1912– 1979  
²  MCW (Metro-Cammell-Weymann Motor Bodies Ltd.), 1932–1966 


Carris 

Established in 1872 and based in Lisboa, Companhia Carris de Ferro de Lisboa, whose name is usually shortened to Carris, operates regular services, regular specialized services and occasional services. ●

Fleet Number

Register

Year

Built

301

V14

Double-deck half-cab bus

DD-56-73

1957

1957

AEC

D2LA016

A217Q-1148

MCW

M8172

 




They're still here, your memories, of the days when I took you to school. These windows still reflect innocent dreams and things, postcards born out of glorious summer mornings. Maybe the smell of diesel and hot rubber was intoxicating, maybe the engine's sound and rattling windows didn't allow you to talk much, maybe the hard suspension revealed every single imperfection of the cobbled streets, maybe things weren't perfect, they never are, really, but these seats still felt cozy and warm even on the saddest days. They're still here, your memories, and they'll remain here, long after you've gone. ● 

Ainda estão aqui, as tuas memórias, dos dias em que te levava para a escola. Estas janelas ainda reflectem sonhos e coisas inocentes, cartões postais nascidos de gloriosas manhãs de verão. Talvez o cheiro de diesel e borracha quente fosse inebriante, talvez o barulho do motor e as janelas a bater não permitissem falar muito, talvez a suspensão dura revelasse cada imperfeição das ruas empedradas, talvez as coisas não fossem perfeitas, nunca o são, na verdade, mas estes assentos eram sempre aconchegantes e quentes mesmo nos dias mais tristes. As tuas memórias ainda estão aqui, e permanecerão aqui, muito depois de partires. ●
 


Mark III or V?
Originally published in 2008, revised in 2023.

For a few months [after the original publication, in 2008] some enthusiasts questioned me why I refer to the Carris 301 as a Regent Mark V, while the Carris Museum describes it as a Regent Mark III. Compelled to do a deeper research I find, to my surprise, no objective reasons to refer to Carris 301 (D2LA016/A217Q1148/M8172) as an exposed radiator Regent Mark V. According to official documents, the vehicles corresponding to chassis D2LA001-D2LA028, produced by The Associated Equipment Company, Ltd., are homologated and registered in Portugal as Regent Mark III models. Essentially, I based my previous choice on the premise that chassis configuration 9631Exxxx corresponded to Regal Mark III and Regent Mark III models, while the D2LAxxx corresponded to Regent Mark V models, thus making D2LA016/A217Q1148/M8172 delivered in 1957 intrinsically a Regent Mark V, distinct from the 9631Exxxx/A217Axxxx/Mxxxx Regent Mark III models delivered to Companhia Carris de Ferro de Lisboa until 1956. However, in this case, both chassis configurations incorporate vehicles homologated and registered in Portugal as Regent Mark III models.

Therefore, according to official documents, D2LA016/A217Q1148/M8172 corresponds to a model homologated and registered as a Regent Mark III, arrived in Portugal (Alfândega de Lisboa) on July 18, 1957. In conclusion, I know that some Authors will continue to refer to the Carris 301 as an exposed radiator Regent Mark V. For all intents and purposes, I don't care if the Carris 301 is a Regent Mark III or a Mark V, as long as the correct designation is adopted. And, according to official Portuguese documents issued in 1957, the correct designation of the D2LA016/A217Q1148/M8172 vehicle is, Regent Mark III ³.

As a note of interest, and without access to documents that would allow me a rigorous comparison, I believe, based on the few data found, that the most expressive difference between the Mark III (9631Exxxx) and the Mark V (D2LAxxx ) concerns the specification of the rear suspension, in addition, of course, to the modernized front, concealing the radiator, which may justify, for administrative reasons in Portugal, the homologation of these D2LAxxx as Mk III. For all intents and purposes, there are Mark V units in England, delivered with the front of the Mark III, with the radiator exposed, at the request of the operator, perhaps because this option would allow better access to the engine or because it would reduce the cost of the vehicle or, simply, for aesthetic reasons. ●

Durante alguns meses [após a publicação original, em 2008] alguns entusiastas questionaram-me porque me refiro ao Carris 301 como um Regent Mark V, enquanto o Museu da Carris o descreve como um Regent Mark III. Compelido a efectuar uma pesquisa mais profunda descubro, para minha surpresa, a ausência de razões objectivas para me referir ao Carris 301 (D2LA016/A217Q1148/M8172) como um Regent Mark V de radiador exposto. De acordo com documentos oficiais, os veículos correspondentes aos chassis D2LA001-D2LA028, produzidos pela The Associated Equipment Company, Ltd., são homologados e registados em Portugal como modelos Regent Mark III. Essencialmente, baseei a minha opção anterior na premissa de que a configuração de chassis 9631Exxxx correspondia a modelos Regal Mark III e Regent Mark III, enquanto a D2LAxxx correspondia a modelos Regent Mark V, tornando assim o D2LA016/A217Q1148/M8172 entregue em 1957 intrinsecamente um Regent Mark V, distinto dos 9631Exxxx/A217Axxxx/Mxxxx Regent Mark III entregues à Companhia Carris de Ferro de Lisboa até 1956. Contudo, neste caso, ambas as configurações de chassis incorporam veículos homologados e registados em Portugal como modelos Regent Mark III.

Assim, de acordo com documentos oficiais, o D2LA016/A217Q1148/M8172 corresponde a um modelo homologado e registado como Regent Mark III, entrado em Portugal (Alfândega de Lisboa) a 18 de Julho de 1957. A concluir, sei que alguns Autores continuarão a referir-se ao Carris 301 como um Regent Mark V de radiador exposto. Para todos os efeitos, pouco me importa se o Carris 301 é um Regent Mark III ou um Mark V, desde que seja adoptada a designação correcta. E, de acordo com documentos oficiais Portugueses emitidos em 1957, a designação correcta do veículo D2LA016/A217Q1148/M8172 é, Regent Mark III ³.

Como nota de interesse, e sem acesso a documentos que me permitam uma comparação rigorosa, creio, pelos poucos dados encontrados, que a diferença mais expressiva entre o Mark III (9631Exxxx) e o Mark V (D2LAxxx ) respeita à especificação da suspensão traseira, para além, claro, da frente modernizada, cobrindo o radiador, o que pode justificar, por questões administrativas em Portugal, a homologação destes D2LAxxx como Mark III. Para todos os efeitos, existem em Inglaterra unidades Mark V, entregues com a frente do Mark III, com o radiador exposto, a pedido do operador, talvez porque esta opção permitisse melhor acesso ao motor ou porque reduzisse o custo do veículo ou, simplesmente, por questões estéticas. ● 

³  The expression "Mark", denoting the state of evolution of the vehicle, is sometimes abbreviated to "Mk" or "MK". Some Authors exclude any of these forms, opting for the designation Regent III. | A expressão "Mark", denotando o estado de evolução do veículo, é por vezes abreviada para "Mk" ou "MK". Alguns Autores excluem qualquer destas formas, optando pela designação Regent III.


Three examples of Regent chassis in the Carris fleet

9631Exxxx | A Regent Mark III model. I believe the "9" reveals a 9.6-litre engine and the "E", an epicyclic gearbox. No clue on the "631" digits.
D2LAxxx | A Regent Mark V model. Chassis for 27 ft double-deck bus (D), 2-pedal, epicyclic gearbox (2), left-hand drive (L), air brakes (A).
LD2LAxxx | A Regent Mark V model. Chassis for 30 ft double-deck bus (LD), 2-pedal, epicyclic gearbox (2), left-hand drive (L), air brakes (A).
Any due correction is welcome.



O AEC Regent

É o AEC Regent que me leva de manhã para a escola. A singular música do seu motor, jamais escuto outra igual, reverbera nas janelas pombalinas e ainda distante anuncia a chegada. Fecho a porta, sandes na mão, acelero o passo, alcanço a paragem. Pouco depois, a densa mistura de vapores de gasóleo e borracha quente passa por mim, imobiliza-se num aperto sofrido de travões, num estranhamente compassado ralenti. Vem cheio. Espero na fila para entrar, retiro a mochila das costas. Saem dez passageiros, entram dez, num tempo em que a lotação é religiosamente cumprida. O cobrador dá o sinal de partida, dois toques de campainha, o autocarro respira fundo e arranca, ouvem-se rasgares de bilhete, cliques do obliterador, tilintares de moedas, bons-dias e obrigados. Mostra-se um passe aqui, outro ali. As senhoras fecham com a ponta dos dedos, a preceito, a mala que ajeitam ao colo. Alguns cavalheiros abrem o jornal, mas fecham-no pouco depois. Nas ruas sinuosas de Lisboa, o motorista, de camisa azul e mangas arregaçadas, impõe à mecânica inglesa um ritmo intenso, liberta-se do trânsito para chegar a horas. Os pneus saltam no empedrado, a carroçaria inclina-se, os bancos estremecem, as janelas parecem saltar. Vinte minutos. Levanto-me, toco a campainha, percorro o corredor, desço os degraus, saio. Pouco depois, o AEC Regent verde e branco respira fundo e arranca de novo, acelera num crescendo fortíssimo, passa por mim, as golfadas cinzentas do escape sucumbem na luz intensa da manhã, voltamos a ver-nos mais logo. ●


Como nota de interesse, extraído do Facebook , o comentário do estimado João Rocha de Azevedo a propósito deste texto, e a minha resposta. Entre ambos, mais algumas memórias do AEC Regent. 

JRA «Parabéns! Tantas vezes utilizei o AEC MkIII (o da foto), só para "passear", entre a Praça do Comércio e a Praça do Comércio, ou seja, na circulação 3, via Rua Rodrigo da Fonseca ou na 4, via Av. Duque de Loulé! Muitas saudades!»
PS «Estimado João Rocha de Azevedo, o meu agradecimento pela nota positiva. De facto, este é um brevissímo apontamento sobre memórias e cumplicidades. E, como o João, também eu – como tantos de nós – passeei à bolina nestes Regent pelo prazer de lhes sentir a presença e de descobrir a cidade e as pessoas, iguais e diferentes todos os dias. Daquela porta atrás, cai umas tantas vezes, cortesia da nefasta moda das botas com protectores. No último banco do piso de cima, aconchegado à escada, namorei outras tantas. Mas o supremo delírio era abrir as janelas da frente e viajar com a cabeça de fora, os olhos quase fechados pelo vento e pelas lágrimas e esperar que as árvores que ladeavam as ruas e avenidas tivessem os frondosos ramos devidamente aparados. Memórias, cumplicidades e, sem dúvida, muitas saudades.»

João Rocha de Azevedo é autor do livro "Lisboa – 125 Anos sobre Carris" (Roma Editora, 1998, pt-pt – ISBN 972-8490-01-1), uma obra de referência para quem pretende conhecer melhor a evolução dos eléctricos de Lisboa e as suas carreiras.


● References

Wikipedia | "Carris"
Wikipedia | "Carris" pt-pt
Wikipedia | "Museu da Carris"
Wikipedia | "Museu da Carris" pt-pt
Wikipedia | "AEC Regent III"
Wikipedia | "AEC Regent V"
Wikipedia | "Metro Cammell Weymann"
aecsouthall.co.uk | "aecsouthall.co.uk"
The AEC Society | "The AEC Society"
Bus Lists on the Web | "Bus Lists on the Web"
Ian Manning | "The Bus Fleets of Portuguese Cities and Municipalities"


1 m → 3.281 ft 
1 kW → 1,360 hp (metric/PS)
1 kW → 1,341 hp
1 hp (metric/PS) → 0,986 hp
1 cm³ → 0.0610237 ci

Comments

Popular posts from this blog

Transtejo "Algés" – FBM Marine TransCat

Transtejo "Eborense" – Estaleiros Navais de Viana do Castelo

Back to Normality