Obrigado 2023
Obstáculos
Em termos editoriais, 2023 foi um ano sem surpresas para os sítios "FUTURE MEMORY | TRANSPORTATION" e "FUTURE MEMORY | TOYS & MODELS". Mas é progressivamente nítido que uma só vida não chega para partilhar todo o meu espólio fotográfico. Ainda assim, tenho a consciência tranquila de ter procurado ao longo dos últimos anos partilhar o máximo possível – apesar dos obstáculos quase permanentes, sobretudo no "FM | T". O que exige mais tempo é a pesquisa e a necessária verificação de dados, por vezes inexplicavelmente dificultada pelas próprias fontes. Como exemplo, este ano pedi à Carris e à CaetanoBus para me ajudarem a esclarecer duas dúvidas colocadas por leitores – e chocou-me a rudeza das suas reacções para comigo. Algo que não esqueço. Desde 2006 que procuro mostrar aos leitores em todo o mundo a evolução positiva do sector dos transportes em Portugal – contribuindo para o seu devido conhecimento e valorização. Há obstáculos que não compreendo.
Vodafone – um erro infantil
Numerosos leitores notaram a redução do número de publicações a partir de Setembro – assim como o adiamento por tempo indeterminado de novos vídeos. Como descrito no parágrafo anterior, o tempo necessário para ultrapassar os obstáculos é uma importante limitação ao número de publicações possível em cada mês, normalmente 10 ou 12, excepcionalmente 14 ou 16. Infelizmente, este ano, desde Agosto, a situação foi ainda agravada pela mudança de provedor de internet para a britânica Vodafone – um erro infantil, admito-o, sobretudo pelos numerosos alertas. A mediocridade do serviço prestado é tão expressiva (assim como o seu impacto em rotinas adquiridas ao longo dos anos), que assegurar mais do que 8 ou 10 publicações ou qualquer tipo de carregamento de vídeos é agora – em 2023 – literalmente impossível. De facto, a expressiva mediocridade do serviço prestado pela britânica Vodafone (assim como a sua evidente falta de vergonha) surpreendeu-me – a Vodafone é de longe e em qualquer contexto o pior fornecedor de serviços que encontrei nos últimos vinte anos e a prova irrefutável de como uma escolha terrível pode comprometer em poucos dias a nossa produtividade. Mais um obstáculo a ultrapassar.
Saldos!
Em 2023, diversos leitores alertaram-me para a presumível venda de imagens minhas num dado número de sítios – ainda por cima, com apelativas reduções de preço! De facto, nada tenho a ver com essa iniciativa. A denúncia foi feita e espero que, entretanto, os motores de busca, sobretudo o "Google", tenham deixado de indexar esses resultados. Para todos os efeitos, é preciso ser-se muito ignorante para considerar a compra de (cópias de) imagens cujos direitos de reprodução, com ou sem assinatura, tenho facultado gratuitamente a operadores e particulares para uso em contextos informativos, pedagógicos e culturais.
Fabricantes e velocidade máxima
Alguns leitores perguntam-me porque nunca menciono a velocidade máxima dos autocarros. Nos autocarros, algumas das premissas relevantes são a potência, a aceleração, o consumo de combustível e as emissões – não a velocidade máxima. Para todos os efeitos, em Portugal o limite de velocidade para autocarros é de 100 km/h na auto-estrada, reduzido para 90 km/h ao rebocarem um atrelado. Outra pergunta habitual é – porque têm os autocarros, dois fabricantes? Nem sempre. Por várias razões, os operadores podem preferir ter um chassis carroçado por um fabricante local ou especializado. Como exemplo, o chassis Mercedes-Benz OC 500 RF pode ser encontrado com uma ampla variedade de carroçarias. Daí, os dois fabricantes – um para o chassis e o outro para a carroçaria. Mas existem, naturalmente, autocarros com um só fabricante.
Limites de velocidade | Lei n.º 72/2013
Limitadores de velocidade | Decreto-Lei n.º 46/2005
Quantos passageiros?
Ao contrário da velocidade máxima dos autocarros, menciono sempre, desde que disponível, a capacidade para passageiros. Mesmo assim, e talvez numa perspectiva mais genérica, subsiste a pergunta – quantos passageiros cabem num autocarro urbano? Em Portugal, a maior parte dos autocarros urbanos tem cerca de 12 m e podem usualmente acomodar 75–85 passageiros. Autocarros de turismo com o mesmo comprimento podem usualmente acomodar 50–55 passageiros sentados. Por vezes, um autocarro pode ter alternativamente mais do que uma capacidade, sobretudo ao acomodar passageiros com mobilidade reduzida ou se pertencer a duas "classes". Face a necessidades operacionais e desde que as suas características o permitam, um autocarro pode pertencer a duas "classes". Como nota de interesse, em Portugal os autocarros são classificados da seguinte maneira. Por palavras simples, autocarros de "Classe I" transportam passageiros sentados e de pé, autocarros de "Classe II" transportam passageiros sentados e um pequeno número de passageiros de pé, e os autocarros de "Classe III" transportam apenas passageiros sentados. Autocarros com até 22 passageiros são divididos em duas classes – autocarros de "Classe A" transportam passageiros sentados e de pé, enquanto os autocarros de "Classe B" transportam apenas passageiros sentados.
Classes | Decreto-Lei n.º 58/2004
Os maiores
Outra pergunta habitual, sobretudo de leitores mais jovens – qual é o maior autocarro do mundo? Se entendermos o maior autocarro como, o mais comprido autocarro destinado ao serviço público de passageiros, um candidato viável é o AutoTram® Extra Grand com 30,73 m (até 256 passageiros), seguido de perto pelo Youngman JNP6250G com 24,65 m (até 300 passageiros). Todavia, são ambos, de alguma forma, o equivalente rodoviário a um metro ligeiro de superfície (evolução do eléctrico tradicional) e requerem condições adequadas à sua operação. Em Portugal, os comprimentos máximos para autocarros são 13,5 m para autocarros com 2 eixos, 15 m para autocarros com 3 ou mais eixos, e 18,75 m para autocarros articulados (e comboios turísticos). A largura máxima é de 255 cm.
Dimensões máximas | Decreto-Lei n.º 99/2005
Futuro
A concluir, a pergunta incontornável – são os autocarros eléctricos, o futuro? Os veículos a gasolina e a "diesel" têm sido parte da minha vida e gosto bastante deles, mas é tempo de avançar. Já hoje, pesquisadores e fabricantes são capazes de oferecer fascinantes conceitos alternativos na propulsão e em materiais e técnicas de construção. Os veículos eléctricos autónomos têm sido propostos desde o século dezanove, sempre limitados pela sua autonomia. Penso que os autocarros eléctricos autónomos são adequados para algumas necessidades operacionais, mas em minha opinião o futuro requer outras soluções. Sem esquecer que, para algumas dessas necessidades operacionais, os autocarros eléctricos alimentados por catenária (troleicarros) provaram ser em diversos contextos e ao longo de mais de cem anos, a solução mais adequada. Infelizmente, não disponho de números para compreender as razões que levaram ao fim dos troleicarros em Portugal.
Favoritos
Vários leitores têm expressado curiosidade sobre os meus comboios favoritos. Assumindo que por comboios entendemos locomotivas, por diversas razões, não forçosamente objectivas, as minhas cinco locomotivas favoritas são na tracção a vapor a K.Bay.Sts.B. S 3/6, a Midland 115 Class, a LNER Class A4, a LMS Coronation Class e a NYC J-3a Super Hudson. Menção honrosa para outras cinco, a NW J Class, a DR Baureihe 05, a Southern Merchant Navy Class e a kkStB 310. Na tracção diesel, destaco as Electro-Motive Division E/F-units, as ALCO RS-2/RS-3, a DB Baureihe V200, a SNCF CC 72000 e as СЖД М62/2M62/3M62. Menção honrosa para as СЖД 2ТЭ10У/3ТЭ10У e DB Baureihe V160. Na tracção eléctrica destaco a DB Baureihe 103, as SNCF CC 40100, CC 6500 e BB 9200 e a Pennsylvania Class GG1. Menção honrosa para a JNRマーク Class EF81.
Mais vistas em 2023
A concluir, as seis publicações, três de cada sítio, mais vistas em 2023, com breves notas sobre as imagens correspondentes.
Carris 2443 – Caetano City Gold MAN 2KD Esta é uma daquelas imagens tirada por instinto, quase sem olhar para o visor e com diversas falhas. Surpreende-me a sua popularidade. O Caetano City Gold MAN 2KD é um autocarro urbano ainda comum em Lisboa. Profusamente fotografado, suspeito que tenha de facto numerosos entusiastas. De longe, a imagem mais vista em 2023.
CP 3151 – SOREFAME/Alstom Outra imagem tirada por instinto, quase sem olhar para o visor, nesta ocasião a caminho da loja de modelismo. De facto, foi providencial – o texto sobre esta série estava prestes a ser publicado e faltava-me a imagem "certa" para o ilustrar.
Cityrama 3062 – TEMSA Opalin 9 Ao contrário das imagens anteriores, esta exigiu pura determinação. Durante algum tempo os pequenos TEMSA Opalin eram uma presença habitual na Praça Marquês de Pombal – assim como numerosos outros veículos que, na rotunda, se interpunham e impediam uma boa imagem. Mais uma vez e ao fim de alguns dias, os deuses mostraram compaixão.
Rajá – Colecção Espacial Pelo segundo ano, de longe a imagem mais vista no FM | T&M. Como referi anteriormente, é uma imagem que pouco me agrada – difícil de compor e algo desequilibrada. Mas que parece funcionar junto dos leitores. Para todos os efeitos, esta é uma das minhas colecções favoritas, com figurinhas de excelente qualidade, posteriormente lançadas em outros países.
Matchbox – 1931 Stutz Bearcat Uma imagem apelativa, sobretudo pela combinação de cores do modelo. Em 2023, publiquei as primeiras descrições de modelos em escalas à volta do 1:43. Previsivelmente, a série "Models of Yesteryear" proposta pela Matchbox despertou o interesse dos seus numerosos e fiéis coleccionadores.
Rajá – Ele & Ela Pelo segundo ano entre as três mais vistas, esta é uma imagem que me parece equilibrada e expressiva – e os sorrisos são encantadores. Há alguns anos, descobri o interessante mundo das figurinhas-brinde feitas pela australiana Rosenhain & Lipmann. Os delirantes "Crater Critters", "Astro-Nits" ou "Crazy Camel Train", nunca chegaram a Portugal, mas nas décadas de 1960 e 1970 tivemos algumas séries originais de excelente qualidade. 2024 vai trazer interessantes actualizações a esta publicação
No que respeita às sub-páginas, as mais visitadas em 2023 foram a "INSIGHTS" (FM | T), uma perspectiva pessoal sobre diversos temas e a "WEBSITES" (FM | T&M), a listagem de alguns dos sítios que visito regularmente. Por outro lado, eliminei em 2023 as duas sub-páginas "AGENDA". Disponibilizadas para divulgar e avaliar gratuitamente eventos, serviços e produtos, ambas falharam o seu objectivo – o número de visitantes correspondeu às expectivas, mas o conteúdo, escasso e quase sempre divulgado por minha insistência, não justificou a continuidade
Obrigado
A concluir, mais uma vez obrigado a todos os leitores, chegados de tantas partes do mundo, pelas vossas opiniões e contributos de pesquisa, pelo vosso apoio e lealdade – pela vossa presença. Em boa verdade, devo confessá-lo, a fadiga ao volante deste "veículo longo" causada pelos obstáculos quase permanentes começa a fazer-se sentir, ao passo que outros desafios, muito menos exigentes, surgem no horizonte. Ainda assim, façamos juntos mais alguns quilómetros. ●
English version, here.
Post scriptum
Logo depois de publicar esta retrospectiva de 2023, diversos leitores lembraram-me que não respondi a uma pergunta relevante – quando começam a surgir as prometidas publicações sobre modelismo ferroviário e rádios antigos? Infelizmente e como refiro no primeiro parágrafo, é progressivamente nítido que uma só vida não chega para partilhar tudo o que pretendemos, sobretudo quando nos aflige uma mente enciclopédica, compulsivamente curiosa e analítica. A pesquisa requer tempo, a gestão do tempo e meios disponíveis requer objectividade, o "tic-tac" do relógio é impiedoso e alguma coisa fica inevitavelmente para trás. Num contexto de rotina, a minha disciplina mental e editorial funciona essencialmente por ciclos. Em 2023 e por razões externas ao meu controlo, a conclusão dos últimos ciclos (prevista para Junho último) está a tomar muito mais tempo do que o previsto. Ainda assim, uma promessa é uma promessa e é clara a minha determinação em materializar em 2024 as tão ansiadas publicações sobre modelismo ferroviário e rádios antigos. Mesmo que, neste momento, a incapacidade da Vodafone (o meu novo provedor de "internet" desde Agosto) em disponibilizar o serviço contratado (e pago), ameace "matar" parte das publicações previstas para 2024, como já sucedeu em Outubro, Novembro e Dezembro de 2023. Quando escolhi a Vodafone como provedor de "internet", esperava que me ajudasse a manter conectado com o mundo – de forma positiva e produtiva. Em vez disso, o operador britânico reverteu a minha conectividade para a idade das trevas com velocidades de "download" (verificadas pela Ookla Speedtest e ANACOM NetMede) abaixo de 1 mbps. Literalmente, inacreditável.
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